sábado, 15 de junho de 2013

Era uma vez um cidadão inconformado chamado Brasil...

Polícia de Choque ataca enquanto manifestantes gritam "SEM VIOLÊNCIA"
As manifestações contra o aumento das tarifas dos transportes públicos ocorridas nos últimos dias em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Ceará, Belo Horizonte e outras capitais devem levar a população brasileira à reflexão do porquê de todo esse movimento.


Manifestantes desejavam um protesto SEM VIOLÊNCIA
Devemos nos perguntar TODOS, simpatizantes ou não, quantos aumentos de tarifas dos transportes públicos todas essas capitais já tiveram e quando as manifestações nos últimos dez anos por essa razão foram tão violentas -- por ambas as partes (alguns manifestantes e a Polícia) -, e reuniram tantas pessoas.

Portanto, esse é um momento importante de reflexão. Penso - e aqui deixo registrado como diz um grande professor que tive: “minha ignorância é muito eclética” -, que independentemente do valor do reajuste, fosse ele apenas R$ 0,1, todo esse movimento teria ocorrido.

Na realidade, acredito que esse “reajuste” tenha sido apenas a gota 
d´água no nível de insatisfação de um povo que deseja mais. Mais saúde, mais educação, mais segurança e mais oportunidades para todos.

Rodrigo Bocardi chama manifestantes de "desocupados"
Essa insatisfação acompanha a grande maioria da população, mas alguns são corajosos o bastante para ir às ruas e se manifestarem. Aliás, a história é mudada por esses corajosos e não por aqueles que simplesmente ficam criticando sem fazer absolutamente nada e dizendo que todos os manifestantes “são um bando de gentinha que não tem o que fazer e baderneiros”.

NÃO concordo com a violência e com a destruição e danos do patrimônio público, pois precisamos entender que quem paga por esse patrimônio somos nós mesmos. Portanto, acho essa atitude “burra e fruto de pessoas desinformadas”. E claro, abomino a atitude repressora, seja com violência declarada ou camuflada, por parte das autoridades Governamentais. E sou TOTALMENTE a favor de qualquer tipo de manifestação pública.

Sim, é verdade, tivemos manifestantes pichando e, no protesto anterior, até destruindo o patrimônio e, infelizmente, violência. Mas é preciso entender que essa não é a realidade de todos que estavam ali. Assim como ocorrem com as torcidas de futebol, não podemos generalizar dizendo que todos que são torcedores de determinado clube compactuam com os quebra-quebras que acontecem após as partidas.


Casal que estava em um bar foi agredido pela Polícia
Os protestos da última terça-feira demonstraram claramente quem é quem e também consagraram a força da população, que através das Redes Sociais, conseguiu mudar até as coberturas jornalísticas de alguns importantes veículos de comunicação de nosso país, que distorceram o ocorrido, reforçando para todos que “realmente, o movimento era fruto de baderneiros e mostrava apenas a reação dos manisfestantes e não a ação da polícia, e sequer o porquê alguns transeuntes foram se esconder em um posto de gasolina”.

Jornalista Sérgio Silva foi atingido
e corre o risco de perder a visão
Só nas coberturas da tarde, após os vários vídeos postados pelos cidadãos nas Redes Sociais -- alguns que nem estavam no meio da manifestação, mas em janelas de prédios das imediações – é que conhecemos os dois lados da história: manifestantes foram atacados pela Polícia de Choque enquanto gritavam "SEM VIOLÊNCIA" ; policiais quebrando a própria viatura; políciais jogando bomba de efeito moral dentro de carros que estavam parados nos cruzamentos; cidadãos atacados pelas tropas policiais nas janelas de prédios, por estarem filmando em seus celulares o protesto; trabalhadores que voltavam para casa agredidos e machucados; um casal que estava na mesa de um bar e foi humilhado e agredido por policiais; e por fim, vários jornalistas no exercício da profissão feridos, um deles, inclusive, hospitalizado com chance de perder a visão.

Repórter Giulina Vallone também é atingida no olho por policiais

O balanço divulgado na manhã de sexta-feira foi realmente assustador: 237 pessoas presas, entre elas sete jornalistas; o jornalista Sérgio Silva (da Futura Press) internado no hospital 9 de Julho, após ser atingido com uma bala de borracha no olho com o risco de perder a visão; a jornalista Giuliana Vallone (Folha de S. Paulo) também ferida no olho com uma bala de borracha; o repórter do Terra Vagner Magalhães atingido por golpes de cassetete de um policial militar enquanto cobria o protesto; o fotógrafo do Terra Fernando 
Fotógrafo Alex Silva é agredido enquanto cobria o evento

Borges, assim como o fotógrafo do Estadão, Alex Silva, detido com violência; um morador de rua de 14 anos atingido por uma bala de borracha quando caminhava pela Avenida Angélica, antes mesmo do protesto começar; e o repórter Piero Locatelli, da revista Carta Capital, detido pela PM e levado ao 78º DP (Jardins), sem o motivo da prisão esclarecido. 


Esses são apenas alguns casos divulgados. Acredito que tenhamos mais, porém não os conheço.

Após toda essa explanação, é importante esclarecer que não concordo com o “tudo ou nada”, mas com o diálogo entre população e governantes. Porém, vamos às ruas no dia 17 de junho, mas conscientes que estamos nos manifestando por mais do que a “inconformidade com o aumento das tarifas dos transportes públicos”,  mas pela sua qualidade, seu volume e sua segurança, Além de estarmos exigindo soluções para mais saúde, mais educação, mais segurança, mais igualdade de oportunidades e dispostos ao diálogo democrático.

E CHEGA DE VIOLÊNCIA E REPRESSÃO CONTRA AS MANIFESTAÇÕES POPULARES E LEGÍTIMAS!!!









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