quinta-feira, 30 de maio de 2013

Adultos infantilizados são adultos doentes. Precisam de tratamento

Tenho um lindo sobrinho de dez anos que é extremamente divertido e tem tiradas muito peculiares para diferentes situações. Outro dia, minha irmã (sua mãe) me contou que ele estava muito bravo porque ela o teria repreendido por algo que ele fizera, e como essa “braveza” já durava muitos dias, ela perguntou: “o que eu fiz para você estar tão bravo ainda?” Ele não teve dúvidas e respondeu quase imediatamente: “Você nasceu!”

Vindo de uma criança é algo engraçado e que comentamos como até “esperteza” nas reuniões de família, e só. Mas quando atitudes infantis como essa e outras vêm de adultos, é preciso muita atenção e preocupação.



Adultos infantilizados têm sido uma constante em consultórios psicanalíticos e psiquiátricos. Embora eles não tenham a noção dessa característica de personalidade, os profissionais que os atendem logo conseguem identificá-los, principalmente devido a suas queixas e fixações por algo, alguém ou situações que deveriam ser levadas a sério ou não tão a sério.

Mas independentemente de serem sérias ou não, consomem praticamente o dia todo desses indivíduos, que ficam planejando como contra-atracar quem ou o que os contrariaram ou os desafiaram, desperdiçando precioso tempo buscando culpados, quando deveriam direcionar seus esforços para se resgatarem de suas condições infantilizadas.

Os adultos infantilizados, capazes de atitudes que nos deixam perplexos e até desconcertados – eu diria que quando eles agem até saboreamos aquele sentimento de “vergonha alheia” – negam a realidade na maioria do tempo,  sobretudo quando são confrontados com fatos, ou então contraditos.  

Essa negação é um artifício que esses indivíduos usam para fugir da dor do crescimento. Contudo, apesar de parecerem inofensivos porque chegam a ser “bizarros”, é preciso muita atenção, porque, assim como indivíduos acometidos pela esquizofrenia e pela bipolaridade (essa última em moda), necessitam de tratamento.

Os adultos infantilizados apresentam uma personalidade vitimizada pelo retrocesso espiritual, emocional e intelectual. Percebem as situações e os fatos de maneira distorcida, incompleta e superlativa e, com isso, têm crises exageradas de ansiedade diante do desafio natural de existir, tornando-se, assim, como as crianças, vingativos. Porém, crianças grandes, vingativas e traiçoeiras, por terem mais capacidade de articulação intelectual. 

Mas apesar dessa capacidade intelectual, após “planejarem o seu golpe”, que julgam vingativo, agem como crianças de dez anos, ou menos, rindo da ação que executaram, considerando que “deram o troco e saíram vitoriosos da situação”. Quando na realidade a  ação só causou perplexidade e a constatação do tamanho da patologia. E o que é pior: na maioria das vezes, as pessoas que estão a volta desses indivíduos - amigos, familiares, colegas profissionais – percebem a situação, mas não têm coragem de alertá-los.

Outra característica que acompanha a personalidade dos indivíduos infantilizados é a vaidade; gostam de ser o centro das atenções e de terem seus egos afagados por elogios ou reconhecimento de seus feitos. Por isso, são capazes de enaltecerem todas as situações das quais participam e esperam comentários repletos de louvores.

São pessoas com grandes dificuldades de cumprirem regras e aceitarem limites e, por isso, acusam pessoas e fatos exteriores pelo que lhes acontecem. Ou seja, não se sentem responsáveis por nada e se sentem vítimas de todos e de tudo. É muito comum os adultos infantilizados dizerem que estão sendo perseguidos e ameaçados por aqueles que os contrariaram, porque necessitam o tempo todo da aprovação do "mundo", assim como as crianças que buscam a todo tempo a aprovação dos pais.


E o mais grave: diferentemente da criança, por não encontrarem no meio em que vivem limites, por não ouvirem ninguém, praticam ações irresponsáveis e nocivas tanto para si, quanto para outros.

Lembrem-se: adultos infantilizados precisam de tratamento!

Nenhum comentário: