sexta-feira, 1 de junho de 2012

Identidade, intimidade e o beijo

Scarlett O´Hara e Rhett Butler. (...e o vento levou)
Acabei de ler um livro bastante interessante do escritor tcheco Milan Kundera, que desde 1975 vive na França. Confesso que a obra não chegou a me encantar como "A Insustentável Leveza do Ser" (leia aqui texto nesse blog com o mesmo título) e "A Imortalidade". Mas a leitura foi agradável e me prendeu até o último capítulo, quando me senti traída pelo autor, que parece ter ficado cansado e finalizou a história de repente, com um desfecho que, confesso, não entendi. Talvez eu que não tenha tido a sensibilidade para compreender esse fim.
No entanto, a história do casal Chantal e Jean-Marc de "A Identidade" me intrigou. Porque a princípio me identifiquei com Chantal e claro que, no decorrer da trama, essa identificação foi ficando cada vez mais longe. Mas o que mais me impressionou na narrativa foi a importância da transparência e do diálogo. O casal, aparentemente feliz, conversam sobre muitos assuntos, mas quando uma situação especial surge o diálogo fica cifrado e os segredos da alma de ambos escondidos em um jogo perigoso que levará esse mesmo casal, aparentemente feliz, à conclusão que são estranhos um para o outro.

Allie e Noah (Diário de Uma Paixão)
Prego sempre que para uma relação ser positiva não devemos nos identificar e nem nos enxergar no outro, porque isso me parece muito ilusório. Acredito que o bom relacionamento está na transparência e na coragem de se dizer sempre o que sente. 
Claro que esse meu conceito ainda está sendo moldado, porque estou em um processo de autoconhecimento estimulado por terapia e por me olhar de verdade. Eu busco intimidade, mais do que identidade. Intimidade é algo muito mais complexo de se conseguir e, certamente, não é com qualquer pessoa que teremos a tal intimidade. 
Intimidade é não ter medo de se desvelar para o outro. É não ter medo de julgamentos. É não ficar com medo de usar palavras que podem ser mal-interpretadas. No entanto, antes disso, é preciso se estruturar para não confundirmos esse não-medo de usar as palavras com impulsividade e falta de tato. Outra tarefa bastante difícil.
É sentir-se bem ao lado do outro, independentemente de posições políticas e interesses. É quando o outro nos faz pensar em tudo que foi dito, de uma maneira positiva, e que cada palavra do outro nos toque de tal forma, que até precisamos de um tempo para compreender o seu efeito em nós.
Tem sido complicado, mas estou insistindo.
Acredito que o beijo seja o que pode haver de mais íntimo entre duas pessoas que se desejam. 
Como diz Pablo Neruda: "quantos caminhos até se chegar ao beijo". Com essa frase, eu acredito, hoje, que Neruda descobriu a intimidade através desse beijo.
Existem alguns beijos no cinema que me marcaram, como de Rhett Butler e 
Scarlett O´Hara, em cima de uma ponte; também o inocente beijo dos personagens Vada e Thomas, no filme "Meu primeiro amor"; e um dos mais bonitos foi de Allie e Noah, em um dos filmes de amor mais sensível que já assisti: "O Diário de Uma Paixão". Mas pra mim o beijo que mais representou intimidade foi entre o primeiro Cavaleiro Lancelot e a bela  Guinevere. 
Eu ainda estou em busca do beijo que me mostrará essa intimidade que tanto quero. Espero que ele chegue logo, mas o tempo é sempre um grande cenário e precisamos ter paciência para pisar em solo seguro e verdadeiro!



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