domingo, 23 de novembro de 2008

O ato de escrever


Toda vez que me sento à frente do computador e começo a redação de um novo texto, sempre tenho a sensação de impotência. Sensação essa que experimento há mais de 20 anos.
Mas sempre vem à minha cabeça uma frase dita por uma professora na universidade, quando contei-lhe sobre essa minha angústia. Ela pediu licença ao grande Jean-Paul Sartre, e repetiu: 'Escrever é um ato solitário'.
É a mais pura verdade e, talvez, um dos atos mais solitários que praticamos. Uma solidão maravilhosa. Um momento para nos conhecer. Um momento único da própria contemplação. Escrever é o melhor exercício que a mente desenvolve. É a 'tangibilização' dos pensamentos. É o reflexo do nosso espelho interior.



Compartilhar ideias, 'vomitar' tormentos, esclarecer nossas próprias dúvidas. Esses são apenas alguns propósitos do ato de escrever. Escrever é sublime. É a manifestação do existir. Pensemos nos povos primitivos. Eles escolheram a 'linguagem grafada' (nas paredes de suas moradas, de seus templos) para registrar suas histórias, seus conflitos, suas ideais, suas culturas e costumes, enfim, para se perpetuarem.
Desenvolvemos uma nova simbologia: a linguagem escrita. Mas o princípio básico continua o mesmo: não deixar que nossas histórias morram com a morte física. Qualquer forma de expressão de nossos pensamentos e dores é divino. E porque o texto sempre tem a interpretação de quem o lê e nunca de quem o escreve, teremos críticos benevolentes e outros sarcásticos ou mesmo os que nos odiarão. Não importa o teor da crítica.
O importante é que fomos lidos. E se esse leitor perdeu o seu tempo em nos criticar, seja positivamente ou não, é que os nossos textos mexeram com essa mente. Significa que causamos algum tipo de inquietação. Portanto, que venham as críticas positivas sim, mas que as negativas nos deem mais força para continuarmos, para buscarmos as nossas próprias verdades, para expressarmos as nossas ideias, com rimas bem construídas ou não.
E viva a liberdade de expressão!
E viva a liberdade de podermos contar nossas verdades!
E viva a libertação que o ato de escrever nos proporciona!
Apesar de toda a limitação da linguagem, o ato de escrever ainda é uma tentativa de superação!


(escrito em 23/11/08)

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